O novo filme do indicado ao Oscar, Abderrahmane Sissako, "Black Tea - O Aroma do Amor" estreia nos cinemas
Após uma trajetória marcante em festivais internacionais, incluindo o Festival de Berlim e a Mostra de Cinemas Africanos, Black Tea - O Aroma do Amor estreia nos cinemas brasileiros na segunda semana de novembro, trazendo uma história sensível e impactante sobre amor, preconceitos e encontros culturais.
Dirigido pelo aclamado cineasta Abderrahmane Sissako, indicado ao Oscar® por Timbuktu, Black Tea - O Aroma do Amor mergulha nas complexidades de identidade, pertencimento e os laços formados entre culturas distintas. Com sua habilidade de explorar temas profundos de forma poética e delicada, Sissako traz à tona uma narrativa que não apenas confronta o espectador com realidades difíceis, mas também enaltece a força do amor e da conexão humana através da arte milenar do chá.
UMA HISTÓRIA DE AMOR EM UM CENÁRIO DE DIVERSIDADE E RESISTÊNCIA
No centro da história, temos Aya, uma jovem africana que, ao deixar a Costa do Marfim e um casamento iminente para trás, parte em busca de uma vida nova e de autodescoberta na China. Ao estabelecer-se em uma comunidade que abriga uma diáspora africana vibrante, ela começa a trabalhar em uma loja de exportação de chá, onde conhece Cai, um homem chinês de 45 anos. Unidos pela solidão e o peso de suas histórias pessoais, Aya e Cai desenvolvem uma relação de afeto e cumplicidade que desafia os limites impostos por suas diferenças culturais e os preconceitos de suas sociedades.
Em Black Tea, o chá torna-se um símbolo profundo e multifacetado, representando não só a cultura e a história que Aya e Cai compartilham, mas também a paciência, a sutileza e a complexidade de um relacionamento construído em meio a desafios. Para Aya, o chá é também uma janela para a cultura chinesa, que ela passa a conhecer através de Cai, e uma metáfora para a esperança de construir algo novo em um terreno estrangeiro.
RACIALIDADE E RESISTÊNCIA SOCIAL
Black Tea oferece uma visão poderosa sobre as lutas internas e externas que surgem quando pessoas de culturas e contextos sociais tão distintos se conectam. Aya e Cai enfrentam, cada um à sua maneira, os julgamentos e as barreiras impostas pela sociedade. A jovem africana, que carrega a marca da diáspora, se vê confrontada não apenas pela distância geográfica de sua terra natal, mas também pela barreira da racialidade em um país onde ser estrangeiro e negro implica constantes desafios. Já Cai, que representa a tradição e as expectativas de uma sociedade marcada por valores conservadores, precisa confrontar seus próprios preconceitos e questionar seu papel em um relacionamento que desafia normas sociais.
Em um contexto onde o preconceito racial e cultural frequentemente ameaça o espaço de acolhimento e respeito, Black Tea representa uma jornada de resistência pessoal e coletiva, tecida com os elementos comuns da luta pela aceitação, identidade e igualdade. A história de Aya e Cai é um convite a enxergar a beleza na diversidade e a coragem necessária para enfrentar o preconceito em prol do amor.
UM FILME PARA REFLETIR E SENTIR
Black Tea - O Aroma do Amor é um filme que toca a alma, não apenas pelo desenvolvimento cuidadoso dos personagens, mas também pelo modo como Sissako tece temas contemporâneos de inclusão, preconceito e os desafios enfrentados por comunidades migrantes ao redor do mundo. Com a estreia no Brasil, o público terá a oportunidade de conhecer uma obra que não só emociona, mas também incita uma reflexão sobre os valores de respeito, amor e compreensão entre culturas.